Já ouviu falar em drogômetro? As impressões digitais forneceram evidências importantes em inúmeros casos de crimes graves. Mas ainda existem algumas situações em que pode ser difícil ou impossível recuperar impressões digitais e isso pode causar uma dor de cabeça para os investigadores forenses.
Tentando encontrar uma solução para isso, diversos pesquisadores passaram a perceber que a impressão digital pode ser utilizada em várias ocasiões, sem seguir um único padrão.
A impressão digital é formada quando um dedo faz contato com uma superfície. O dedo deixa rastros de suor e quaisquer outras substâncias presentes no dedo que um suspeito possa ter tocado.
Drogômetro: Não há como escapar!
As substâncias que são depositadas possuem padrão característico das cestas presentes na ponta de todos os dedos. Grande parte das impressões digitais não são visíveis a olho nu, sendo necessário o desenvolvimento químico para poder ser observadas.
E processos mais novos podem obter muito mais informações sobre o proprietário da impressão digital, o que ele tocou, o que comeu e até mesmo, quais drogas tomou.
Por exemplo, a impressão digital que é deixada na cena de um crime, não vai contar somente com o suor do suspeito, mas outros vestígios de outras substâncias que ele tenha tocado.
Esse pode ser uma evidência muito útil se as marcas de dedo contiverem sangue da vítima ou compostos explosivos, pois vinculam instantaneamente um suspeito a essas substâncias.
Porém, mesmo dessa forma, a marca digital não vai fornecer nenhuma sequer pista de investigação sobre o suspeito se ele não estiver no banco de dados que armazenam essas impressões.
Dessa maneira é que as novas formas de fazer análises de impressões digitais podem surgir.
Pesquisadores mostraram recentemente que as substâncias que revestem um telefone celular variam de acordo a quem esse aparelho é pertencido, isso porque existe uma grande variedade nos alimentos, medicamentos, cosméticos e outros contaminantes nos diferentes ambientes que somos expostos.
Seguindo esse mesmo pensamento, as substâncias que estão presentes nas impressões digitais podem variar de forma semelhante, e alguns estudos já comprovaram essa teoria.
Se isso for comprovado, o princípio vai significar que as impressões digitais podem fornecer uma assinatura molecular que varia de acordo com os aspetos de vida de cada um e os ambientes que vivemos, além dos hábitos alimentares e outros problemas médicos.
Teste de drogas
Ainda estamos muito longe de visualizarmos um método simples de criar para estudar as impressões digitais, mas cada avanço é de grande importância. Um exemplo disso é que alguns pesquisadores já mostraram que o contato direto com drogas pode ser detectado através das impressões digitais. E isso é um grande avanço.
De uma forma mais ampla que a própria perícia, as impressões digitais também vão poder fornecer outras possibilidades interessantes dentro dos testes laboratoriais nos hospitais.
Uma forma convincente de fornecer uma amostra de teste de drogas. Sendo um processo muito mais rápido e fácil do que o sanguíneo ou de urina, além de ser muito mais complicado forjar os testes, já que as digitais contam com padrões de cristas para a identificação.
As impressões digitais podem detectar, não somente a substância que tomou, mas também outras substâncias excretadas que permaneceram na glândula écrina, a qual está localizada na ponta de nossos dedos.
Como o suor pode incluir vestígios de coisas que você ingeriu, isso significa que as impressões digitais podem conter vestígios de drogas que você tomou.
Impressão digital
Um estudo comprovou que é possível detectar o uso de cocaína, heroína e morfina a partir de uma única impressão digital.
As substâncias podem prevalecer nas impressões digitais de forma geral, ou seja, em todas as pessoas. Um exemplo disso é que, 13% dos não usuários de drogas que foram testados, possuíam traços de cocaína em suas impressões digitais. Mas quando comparados com um usuário real de drogas conta com até 100 vezes mais disso em suas impressões.
As drogas também podem ser detectadas mesmo após o usuário realizar a lavagem de suas mãos, isso porque as substâncias são excretadas de maneira contínuam depois do uso. De forma resumida, é possível distinguir a impressão digital de um usuário de drogas de uma pessoa que não usa nenhuma substância.
Mesmo que a situação de tantos não usuários de drogas possuam vestígios de cocaína na ponta dos dedos parece assustadora, vale lembrar que o teste vai coletar as menores quantidades, levando em considerações dezenas de picogramas da droga.
As técnicas estão se tornando mais sensíveis a pequenos traços, então é mais fácil agora realizar a detecção de coisas que poderiam ter escapado à atenção antes.
Em uma pesquisa atual, também foi descoberto que medicamentos prescritos podem ser detectados nas impressões digitais e que esses vestígios desaparecem quando um paciente para de tomar seus medicamentos.
Então, em um dia, vamos poder ver as impressões digitais usadas como uma forma fácil de ajudar um paciente a verificar se um medicamento está sendo absorvido adequadamente.
Pode ser algo muito importante para os pacientes em tratamento para epilepsia, diabetes, problemas cardíacos e psicose, que podem ter dificuldades para absorver os medicamentos, esquecer ou decidir não tomá-los.
Como o estudo foi realizado
Os pesquisadores testaram seu método com 160 impressões digitais de 16 pessoas em um centro de tratamento de drogas que usaram cocaína nas últimas 24 horas e compararam essas impressões com 80 impressões "limpas" de não usuários.
O método de testagem foi capaz de identificar corretamente 99% dos usuários de cocaína, confirmado com testes de saliva, mesmo após a lavagem das mãos com água e sabão. O método também retornou falsos positivos apenas 2,5% das vezes.
Eles acreditam que seu método pode ser extrapolado para detectar outras drogas, como metanfetamina, maconha e até mesmo medicamentos legais. No entanto, alguns estão preocupados que a tecnologia possa ser abusada, caso caia nas mãos erradas.
Parte da tecnologia de impressão digital depende da espectrometria de massa em spray de papel, um método já em uso pela segurança de aeroportos para detectar explosivos.
A ciência já percorreu um longo caminho. Mas ainda existem muitas oportunidades interessantes a serem exploradas no futuro.